São inúmeras as “rainhas do lar” dando sentido maior aos integrantes da família, hoje tão fragilizada e clamando por amor e desprendimento. Elas reinam com sabedoria nem sempre percebida e valorizada. Alisto somente três, às quais devo muito.
Ana Reis Mancebo, que me trouxe ao mundo, merece honrosa menção. Portadora de mínima escolaridade, mas quanta sabedoria no trato com os filhos! Casada com incrédulo e morando a 4 km da igreja, tudo fazia para estar presente na EBD acompanhada dos 11 filhos, não lhe importando a indiferença do esposo, que se converteu quando já éramos jovens. Nossa educação cristã devemos a ela – mãe dinâmica, consagrada e desprendida. Dispondo de pouquíssimo tempo, não desperdiçava oportunidades para conduzir a prole na senda do Evangelho, pondo ênfase no valor da igreja. Mostrava-se acentuadamente preocupada quando qualquer dos filhos demonstrava desinteresse de ir aos cultos. Aconselhava e tentava motivar. Se o papai impunha normas cívicas e comportamentos irrepreensíveis (o que era também necessário e relevante), à mamãe cabia o privilégio da formação religiosa correta, com zelo e ardor. Sua afetividade cativava e convencia. Não fosse ela, provavelmente seríamos todos incrédulos. Um modelo de mãe cristã.
Ana Muzzi Nogueira, minha estimada sogra. Mãe também desprendida. Financeiramente bem limitada pelo salário injusto e minguado do laborioso marido (e por longos anos), desconheceu a fartura de pão e outros tipos de conforto material, mas não se alimentava do “pão da preguiça” referido em Provérbios 31.27. Incansável em seu labor diário e cuidado com a prole. Seu amor à igreja era contagiante, bem como o interesse pela vida devocional. Não teve o privilégio de ver todos os filhos convertidos, mas não por omissão de seu esforço e orientação cristã. Tive nela a sogra amável e prestativa.
Hilda Nogueira Mancebo, minha amada esposa por 53 anos e 3 meses. Impossível minimizar seu desvelo maternal. Levava sempre a sério a devoção particular, sem esquecer os filhos. Notável o seu apego à Bíblia, de onde extraía lindas histórias para os filhos e crianças da igreja. Habilidosa em contar histórias morais e bíblicas ilustradas com a Natureza, despertava o apreço de Cláudio Lísias e Ana Lúcia pelo Criador. Cobrava deles a disciplina em nossa casa e na casa de Deus. Nas minhas ausências a serviço da Causa (e como foi longo esse período!), mostrava quanto era capaz de prover o necessário para o equilíbrio do lar. Impossível também esquecer sua companhia no ministério de visitação, a pé, de bicicleta, de lambreta e, anos depois, de carro. Soube abrir mão do conforto pessoal e praticar o altruísmo. Simples, despojada de vaidade e luxo, aceitava as limitações financeiras sem “queixas e reclamações”. Resta-me agradecer ao Autor da vida essa preciosidade que continua bem viva no coração do esposo e dos filhos. Inesquecível esposa e mãe.
Somente a eternidade pode avaliar e recompensar plenamente as mães verdadeiramente piedosas. Que seria a família sem elas? E as igrejas? E a sociedade?
Pr. Francisco Mancebo Reis
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