Vivemos uma época marcada pela autossuficiência e pela ideia de que tudo deve girar em torno das nossas vontades. A sociedade moderna prega que “você pode tudo”, “siga o seu coração” e “faça o que te faz feliz”. Mas o Evangelho nos apresenta um caminho completamente diferente: o caminho da renúncia.
Jesus foi claro em suas palavras, “se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8:34).
Negar a si mesmo não é perder a vida, mas encontrar a verdadeira vida que só Cristo pode dar (João 10:10).
Muitas vezes, buscamos (ou tentamos) moldar Deus à nossa imagem, tentando adaptar o Reino aos nossos planos. Mas, no Evangelho, o chamado é inverso: somos nós que devemos nos conformar à vontade de Deus.
Entretanto, Paulo nos exorta: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).
A verdadeira liberdade não está em fazer o que queremos, mas em submeter nossos desejos ao senhorio de Cristo. O Reino tem valores próprios — justiça, misericórdia, perdão e serviço — e somos convidados a viver sob esses princípios.
Negar-se a si mesmo não significa anular a própria identidade, mas redirecioná-la para o propósito eterno de Deus.
Quando colocamos nossos sonhos, projetos e desejos nas mãos de Cristo, não os perdemos: eles são transformados. Jesus disse:
“Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por causa de mim, achá-la-á” (Mateus 16:25).
Isso significa que abrir mão da nossa vontade não nos diminui, mas nos liberta para viver plenamente a vontade do Pai.
Seguir a Jesus é um convite para sair do centro e colocar Cristo no centro. O discípulo não negocia princípios; ele entende que o Reino é maior do que qualquer interesse pessoal, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).
Essa é a essência do discipulado: permitir que Cristo molde nossas escolhas, atitudes e caráter.
E isso impacta todas as áreas da vida — nossa família, trabalho, relacionamentos e ministério.
O Reino de Deus não se adapta a nós; nós é que somos convidados a sermos transformados por Ele. Negar a si mesmo não é perder, é ganhar a verdadeira vida que só encontramos em Cristo.
Se desejamos experimentar a plenitude do Reino, precisamos trocar o “faça a minha vontade” pelo “seja feita a Tua vontade” (Mateus 6:10). E, nesse processo, descobriremos que a verdadeira liberdade não está em viver para nós, mas em viver para Aquele que morreu e ressuscitou por nós.
Rodrigo Lima Borges.
Pastor, advogado e professor
Igreja Batista da Esplanada em Governador Valadares
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