Foi no contexto da Reforma Protestante que o movimento de integrar a vida comum com a fé surgiu. A partir disso, vemos movimentos importantes na arte, literatura, na música etc. Nesse cenário que surge as figuras como o artista plástico Rembrandt, o brilhantismo musical de Sebastian Bach, a belíssima escrita e criatividade de pessoas como William Shakespeare e Edmund Spenser que estão na “Era de Ouro” da literatura inglesa.
Francis Schaeffer já disse que “o conjunto da arte de um artista revela sua cosmovisão.” Jarram Barrs foi quem afirmou que Deus nos desenhou para exercemos um papel de dominação sobre sua criação. Nossa dominação sobre a terra significa que somos jardineiros e utilizamos os recursos (cores, palavras, formas, texturas, sons, cerâmica, pedra e imaginação) para a criação das obras de arte”.
Certa vez li algo curioso sobre o grande artista plástico holandês Vicent Van Gogh. O artista, que também era professor de francês e aritmética, vinha de família cristã e além de entregar a vida para Cristo, foi extremamente impactado pelo clássico “O Peregrino” – de John Bunyan.
Van Gogh serviu numa escola administrada por ministro congregacional, Thomas Slade Jones, com quem muito aprendeu sobre teologia e vida eclesiástica. Tornou-se missionário e professor assistente na Escola Bíblica Dominical da igreja, para crianças e adultos.
Ainda em 1876 ele fez o seu primeiro sermão em uma igreja metodista. Embora extenso e um pouco desajeitado, a mensagem estava enraizada na ideia de Bunyan de que não passamos de peregrinos nessa terra, mirando a Cidade Celeste.
Sua experiência como pregador não foi muito promissora, mas ele colocou todo o seu talento em telas pintando pés cansados dos peregrinos, semeadores lançando as sementes e por fim, uma noite estrelada, onde os céus apontam para a glória de Deus.
Como bem disse o ensaista inglês G. K Chesterton: “por maior que seja a obra de arte, ela deve ser menor que o artista”. Essa verdade vemos na vida de Van Vogh e tantos outros que, embora brilhantes, apenas rascunharam o que o Senhor fez com excelência.
A vida de artistas como os poucos que citei aqui devem gerar em nós um compromisso com o nosso Deus artista.
Como disse Hans Rookmaaker “se queremos uma boa sociedade, devemos ser nós os guardiões, os investidores, os produtores e os consumidores de boa literatura, boa música, bom cinema, boa comida, boa arte”.
Que Deus use sua igreja para incentivar, produzir e consumir boa arte: arte que aponta para o artista supremo: Deus!
Paulo Alves
Sobre o autor: Paulo Alves é casado com Raíssa, com quem tem duas filhas, Laura e Sara. É Pastor da Igreja Batista Fonte e capelão do Colégio Batista Mineiro, ambos em Alphaville Lagoa dos Ingleses Nova Lima. Paulo é autor dos livros Jovem (Também) é Igreja (Editora CBM) e Nossa Jornada: 31 Dias de Movimento e Transformação. Mestre em Divindade (MDiv), com especialização em Estudos Bíblico-Hermenêuticos (ênfase no Novo Testamento), pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e candidato ao programa de Doutorado em Ministérios pelo Reformed Theological Seminary (extensão CPAJ).

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