Estamos concluindo mais um ano. E, de forma quase imperceptível, como um filme em alta rotação, passam em nossa mente cenas que vivemos nos dias que se foram: oportunidades que tivemos, perdemos e aproveitamos. Não há tempo para julgar os méritos, mas devemos ser gratos por muitos deles e, em outros, devemos pedir perdão. Porém, à semelhança das experiências e dos exemplos encontrados na Bíblia, somos encorajados a viver com uma perspectiva grata pelo que passamos – (Fp 3.1) “Finalmente, meus irmãos, alegrem-se no Senhor! Escrever-lhes de novo as mesmas coisas não é cansativo para mim e é uma segurança para vocês.” Pode-se extrair lições fantásticas dessa percepção apostólica, que pode nos ajudar a somar todos os minutos, à luz do que ocorreu no passado, para refletirmos sobre o que esperamos para o futuro, pois somos encorajados a buscar valores eternos que nos sustentarão em contentamento nos anos que virão.

O apóstolo Paulo desenvolve uma admiração pelos irmãos filipenses, encorajando-os a buscarem em Cristo algo melhor. O seu testemunho do que foi no passado e do que se tornou em Cristo serviu de exemplo para eles e, atualmente, para nós. Em Cristo, ele recomeçou, tendo uma mudança de vida, buscando valores eternos. Isso porque tinha plena confiança de que somente em Cristo valeria a pena renunciar a alguma coisa para prosseguir na vida em completa dependência de Sua graça. Dessa forma, Paulo transmitiu a sua satisfação e zelo para com aquela comunidade, tendo um profundo desejo de que aquela igreja tivesse sempre alegria no Senhor.

É um indicativo de que vale a pena servi-Lo. Por isso, encontramos nesta epístola orientações profundas para dar-lhes total segurança na fé e, igualmente, para terem um recomeço maduro na vida cristã. É o que também devemos sentir e esperar para o ano que nos aguarda. Obviamente, todo recomeço tem um preço; dessa forma, devemos também pensar que isso implica em avaliar nosso estado atual e compará-lo ao padrão de Deus: quem fomos durante o ano e se, nos momentos difíceis, reagimos segundo Cristo.

O que aprendemos neste ano, a exemplo do Senhor, e o quanto crescemos no preparo para os embates e confrontos no próximo que virá? Nossa mente está cativa em Cristo para reagirmos ao que vem pela frente — perseguições, enfermidades e conflitos?

Confiar em nossas potencialidades para superar os desafios pode ser um dos grandes problemas na vida cristã, pois elas elevam o senso de justiça pessoal no que somos capazes de fazer, nutrem a arrogância do coração e adoram o ídolo “ego”, limitando a fé genuína que deveríamos ter somente na suficiência da obra de Cristo (Rm 9.30-32; 10.4,17). Devemos exercitar uma fé baseada em Cristo. Jamais se esqueça de que a própria fé é um dom de Deus e toda boa ação que fazemos é para a glória dEle. Assim, exercitamos a fé porque cremos que o sacrifício da cruz foi suficiente, completo e eficaz; por isso, “…a justiça que procede de Deus e se baseia na fé” (3.9). Para tanto, todo recomeço implica em estipular um alvo: abrace valores eternos! A exortação neste capítulo é conhecer a Cristo, o poder da sua ressurreição, os seus sofrimentos, tornando-nos como Ele em sua morte, para alcançarmos igualmente a eternidade (Fp 3.10,11).

O recomeço da vida com Cristo fixa os nossos olhos nos valores eternos; isto é, trocamos aquilo que é passageiro por aquilo que jamais acabará. Os anos, as décadas, os milênios, com certeza, passarão, mas o que recebemos do Senhor são virtudes inabaláveis que vieram de Sua natureza e nos ajudarão a continuar até que Cristo volte, porque é para a glória dEle e pelo Seu Reino que vivemos (Fp 3.16-21). Lembre-se: Cristo trocou a Sua glória para satisfazer ao Pai; Ele se esvaziou para que Seus propósitos eternos nos alcançassem, dando-nos do Seu perdão, de Sua graça e salvação. Os anos findam, mas as promessas do Senhor não. Por isso, vale a pena renunciar a tudo para glorificá-Lo, pois, em Cristo, o nosso amanhã sempre estará seguro!

Soli Deo gloria!
Pr. Sandro Ferreira
Presidente da CBM