Este vaso é um Kintsugi ou Kintsukuroi.

Esta é uma arte japonesa de reparar uma cerâmica quebrada com pó de ouro, prata ou platina. É uma técnica que mostra que, embora quebrado e sem valor, há como restaurar e tornar útil aquilo que um dia foi quebrado e sem valor.
Quando olhamos para esta arte japonesa, podemos aprender algo sobre a arte da vida. A verdade é que todos nós carregamos as nossas marcas, sejam elas boas ou ruins. Desde a infância, acumulamos memórias que formam muitas camadas, que às vezes não temos noção do quão importantes são no momento, mas, tempos depois, vemos como muitos eventos do passado influenciam a nossa vida no presente.
Tudo está nos marcando e, de certa forma, isso nos cativa, fascina e nos leva a querer mais e mais experiências no presente para esquecermos experiências ruins do passado, buscando marcas importantes para pavimentarmos o futuro do nosso jeito. Quem trabalha com experiência do cliente sabe que, mais do que produtos, como seres humanos queremos experiências marcantes.
Olhe por aí e logo perceberá que boa parte das pessoas que não conseguem lidar com o presente estão presas às marcas do passado ou ansiosas com as marcas do futuro. Presas por frustrações, expectativas não cumpridas, mágoas, assuntos não resolvidos etc., e, ao mesmo tempo, ansiosas porque não conseguem recolher os cacos do passado e tentam, de toda forma, algo novo no presente para que o futuro seja menos frustrante.
A nossa cultura consumista olharia para mim e para você e diria: “Você precisa jogar tudo isso fora. Você está quebrado, não tem valor algum”. A arte japonesa olharia para os cacos e faria de novo, mas Cristo vai além…
Não tente recolher os seus cacos e fazer do seu jeito. Isso só vai gerar frustração. Tenha esperança em Deus e deixe que Cristo faça algo novo e valioso em sua vida. Podemos confiar que o nosso bom Pastor “não esmagará a cana quebrada, nem apagará a chama que já está fraca”. Somente aquele que um dia foi desprezado e quebrado por nós pode fazer de nós algo útil e inteiro.
Por isso, confie que “aquele que começou a boa obra em sua vida irá completá-la até o dia em que Cristo voltar”.
Paulo Alves
Sobre o autor: Paulo Alves é casado com Raíssa, com quem tem duas filhas, Laura e Sara. É pastor da Igreja Batista Fonte e capelão do Colégio Batista Mineiro, ambos em Alphaville Lagoa dos Ingleses, Nova Lima. Paulo é autor dos livros Jovem (Também) é Igreja (Editora CBM) e Nossa Jornada: 31 Dias de Movimento e Transformação. Mestre em Divindade (MDiv), com especialização em Estudos Bíblico-Hermenêuticos (ênfase no Novo Testamento), pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, e candidato ao programa de Doutorado em Ministérios pelo Reformed Theological Seminary (extensão CPAJ).
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