Estamos chegando ao fim de mais um ano e, com ele, dezembro traz o conhecido “espírito natalino”: luzes pela cidade, clima de celebração e presentes. Mas, entre tantos elementos que envolvem essa época, não podemos esquecer o real significado do Natal: celebramos o nascimento de Jesus.
Geralmente, lembramos da manjedoura, do nascimento virginal e do anúncio miraculoso. Porém, vale a pena olhar para outro aspecto familiar, não apenas Maria e José, mas sua genealogia. Mateus não inicia seu evangelho diretamente com o nascimento de Cristo. Ele começa com uma lista de nomes, difícil e pouco atrativa para nós, mas essencial para nos ensinar sobre a linhagem de Jesus.
Se estamos falando de um Rei, como perguntaram os magos do Oriente: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus?”, então é necessário mostrar que Ele pertence à linhagem real prometida. E é justamente nessa genealogia que algo chama atenção: personagens que, à primeira vista, parecem não contribuir para uma história de realeza. Pelo contrário. Judá e Tamar, por exemplo, revelam falhas morais profundas. Judá não cumpre seu dever de proteger e sustentar Tamar. Ela, por outro lado, busca justiça por meios tortuosos. Nada ali é limpo, tudo parece estar corrompido, e ainda assim, essa história compõe a linhagem do Rei dos reis.
Raabe, estrangeira e prostituta, também está ali, poucos nomes antes de Davi. Rute, mais uma estrangeira que, a princípio, deveria ser rejeitada, mas é inserida ao povo de Deus e participa dessa genealogia. E a mulher de Urias (Bate-Seba), ligada a um dos pecados mais sombrios de Davi, igualmente integra essa linhagem.
O que todas essas histórias têm em comum? O caos humano e a graça divina. Deus transforma tramas marcadas por erro, dor e pecado em um fio condutor para a chegada do Verbo encarnado. Isso pode soar estranho para o tipo de narrativa perfeita que gostaríamos de ouvir, mas faz todo sentido dentro do evangelho. Jesus nasce justamente no meio do caos para trazer paz, e sua própria genealogia é prova disso. Que neste dezembro não esqueçamos o verdadeiro motivo do Natal.
Não se trata de uma celebração vazia ou apenas um momento para festejar. Esse é o evento que mudou o destino da humanidade. Ao olharmos para nossas próprias histórias, muitas vezes desorganizadas e imperfeitas, que a paz de Cristo reine em nossa história. Lembre-se sempre: Ele é o Deus que nasce no caos para trazer paz.
André Filipe
Presidente da Jubam
Pastor Auxiliar
Igreja Batista Memorial em Governador Valadares

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